Chegou tarde. Na companhia de seis tequilas, uma dose de vodka com gim, tantas cervejas e duas amigas que riam nervosamente entre si demonstrando preocupação e falso pesar. Aquele fardo que acompanhavam carecia de cuidados e atenção constante, importunavam-nas, onde se viu comportar-se daquela maneira? Humpf!
Estava em estado alucinante, dançava suavemente de olhos fechados com a cabeça levemente jogada para trás, como sentisse a musica penetrando por seus poros, abraçando a todos que se aproximavam com um sorriso largo e os olhos semi-abertos. E assim ficou por quase toda a noite até que se sentou em uma cadeira, encostou a cabeça na mesa e ficou por um bom tempo. As duas carolas que acompanhavam se aproximaram, puseram-se de cócoras em volta da cadeira que estava. Tentaram em vão reanimar a pobre criatura, as perguntas pareciam mantras de tão repetitivas.
– Tu tá bem? Tu tá legal? Tu tá sentido algo? Fala.
Foi quando apareceu um sujeitinho do nada e resolveu por fim naquela situação. Estufou o peito e mandou em alto e bom som para todos verem que havia assumido o controle.
– Tu queres uma água? Óoo Garçom! Faisfavor traz um guaraná aqui.
Então aconteceu. Furiosamente se levantou derrubando a cadeira que estava, assumiu uma postura meio arqueada como se fosse atacar o sujeitinnho, de olhos bem abertos parecendo dois faroletes negros, com o dedo em riste apontado para o rosto do infeliz disse entre os dentes contraindo os lábios:
- JAMAIS! JAMAIS!
- GUARANÁ, NUNCA!
- JAMAIS EM TODA MINHA VIDA!
Catou o casaco, a chave do carro, olhou mais uma vez para o infeliz e para as pessoas surpresas ao seu redor, deu meia volta, marchou em minha direção e vociferou:
- E você! Não vem?
Atônito, só tive tempo de largar o copo no balcão, enxugar as duas palmas da mão na camisa e seguir dois passos logo atrás por precaução. O único pensamento que me veio a cabeça naquele instante foi “Ainda bem que é cartão de recarga, já pensou se tivesse que pegar fila pra pagar”
Nenhum comentário:
Postar um comentário